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Precisa de chia, amaranto e óleo de coco pra ser saudável? Não!

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O que seria das nossas avós se ingredientes como blueberry, amaranto, chia, óleo de coco e outros itens da moda fossem fundamentais à nossa saúde?

Certamente a Dona Nena, minha vó, não estaria aí sambando na cara da sociedade no auge dos seus 86 anos de idade, regados a receitas simples da roça como galinha caipira e polenta.

Esse foi um dos assuntos discutidos nesta sexta-feira (7) no Simpósio Brasileiro de Nutrição Comportamental (*), que está na sua terceira edição e vai até amanhã na capital paulista.

Nutricionistas, pesquisadores, chefs de cozinha e outros especialistas da área da alimentação se reúnem neste evento para discutir o tão nobre ato de comer – e, sobretudo, como nos relacionamos com a comida.

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Escolhi começar destacando esse lance do modismo de ingredientes que “ajudam no emagrecimento” simplesmente porque tem tudo a ver com o que eu acredito e tento mostrar aqui no Marmiteira: para ser saudável, não precisa gastar tubos de dinheiro.

Claro que se você puder incluir óleo de coco e a linhaça dourada na sua alimentação sua saúde vai agradecer, mas em qualquer feira livre você vai encontrar diversas outras opções tão nutritivas quanto estes ingredientes. Se for na hora da xepa, então, seu bolso é que vai agradecer!

E o outra boa notícia: você não precisa ser chef de cozinha ou saber fazer pratos gourmet para produzir uma boa marmita e se alimentar com qualidade. A Marmiteira aqui é prova disso.

Bom, vou separar aqui as coisas que ouvi de mais legal no dia de hoje.

Para que serve este alimento?

Já reparou o quanto é CHATO optar por certos alimentos só porque ele é rico em algum nutriente, ou porque tem baixo índice glicêmico, ou acelera o metabolismo? Com tanta informação sobre alimentação, estamos perdendo a conexão com o que realmente importa: eu gosto disso? O meu corpo aceita bem isso? Estou com vontade de comer isso? Paramos de ouvir nossos instintos.

A nutricionista Neide Rigo, autora do blog Come-se, resumiu bem essa questão em uma entrevista em vídeo feito especialmente para o evento. Ela contou que, quando alguém pergunta para ela para que serve tal alimento, ela responde da seguinte maneira: “Olha, só tem duas alternativas: ou comer ou beber.” E não é isso mesmo, gente?

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Comedores que não cozinham

Outro ponto levantado foi a desvalorização do ato de cozinhar, em paralelo à industrialização da comida: o mercado está cheio de coisas prontas que acessam justamente quem lança mão da velha desculpa: “não tenho tempo para cozinhar”.

Algumas pessoas não têm tempo mesmo (ué, e quem tem?!?), mas o que eu sempre tento mostrar aqui no Marmiteira é que tem uma porção de pratos práticos que não exigem nem tempo nem habilidade para serem executados.

Uma dica dada pela nutricionista e chef Maria Luiza Petty, autora do livro Lugar de Criança é na Cozinha, é gritar por ajuda. Se você acha que seu tempo não é suficiente, e é o único (a) que cozinha na sua casa, distribua as tarefas para não ficar com a sensação de que ir para a cozinha é um peso.

O meu marido mesmo só sabe fazer miojo, o que pra mim é um duplo desgosto, por motivos de:  1) Eu nao como miojo; 2) Por não comer miojo, nunca vou ter o prazer de degustar um jantar preparado por ele. Sendo assim, eu assumo o fogão, e ele fortalece o outro lado.

Lava louça todo dia!

“Todos os livros do Michael Pollan são fundamentais” 

Essa frase foi dita no evento e eu fico feliz em ver que um jornalista como Michael Pollan, que tem uma visão, digamos, transgressora da nutrição tradicional, seja visto com tanto respeito pelos profissionais dessa área.

Sendo assim, aí vai uma listinha de leitura com livros do muso:

Cozinhar – Uma história natural da transformação
Em Defesa da Comida
Regras da Comida
O Dilema do Onívoro

Se você quer se alimentar melhor, com mais prazer, e menos culpa, não pode deixar de ler o que o Pollan tem a dizer.

(*) Nutrição Comportamental é uma nova abordagem para capacitar o nutricionista, com uma visão focada em comportamento.

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