Outro dia o meu marido – um belo rapaz de 36 anos – me disse que “descobriu” que gosta de manga. Fiquei alguns minutos pensando: mas gente, ele levou todo este tempo para perceber isso?
Em uma breve investigação, revi os fatos. O que o teria levado a este brilhante reconhecimento? Logo me lembrei que, de manhã, havia cortado a manga em cubinhos para trazer para o trabalho, como faço habitualmente com outras frutas também, e fiz um potinho para ele.
Então me dei conta que na verdade ele não “descobriu” que gosta de manga, e sim, é um grandessíssimo cara de pau: o que ele nunca gostou é de cortar a manga. Manja, preguiça?
Daí eu fiquei pensando em quantas pessoas deixam de comer frutas por este mesmo motivo. Fico um pouco encafifada quando ouço adultos falando a frase “não gosto de fruta”. Me parece uma afirmação um tanto quanto genérica, não? Como assim não gosta de fruta?
Tem abacaxi, banana, maça, kiwi, morango, uva, laranja…é muita fruta, gente. E por incrível que pareça a maioria delas é bem fácil de descascar. Nem umazinha? Não, não é possível. Para mim, esta ideia tem muito mais a ver com hábito do que com gosto. E eu acredito muito na força do hábito.
Por que eu não gosto de dietas restritivas? Porque muitas delas não estimulam hábitos alimentares saudáveis e possíveis de serem cumpridos. Quem consegue passar uma vida inteira comendo só proteína? Ou, sei lá, duas folhas de alface com um peito de frango todo santo dia no jantar, morrendo de vontade de comer um pãozinho?
É aquilo: elas fazem efeito imediato, mas, a longo prazo, se você não reavaliar a sua relação com a comida como um todo, logo estará grudado no primeiro brigadeirão que encontrar pela frente.
Não sou eu que estou dizendo, é a ciência
Recentemente, li uma pesquisa interessante que prova a força do hábito. Ela foi publicada no jornal Nutrition & Diabetes (quem quiser ver o artigo completo em inglês clica aqui) e mostra que é possível, sim, treinar o cérebro para que ele passe a querer coisas saudáveis e ficar tão contente diante delas quanto de uma boa porção de batata frita.
E não pense que para isso você vai ter que fazer exercícios cerebrais, meditação ou hipnose. É só hábito mesmo.
Para comprovar isso, pesquisadores acompanharam 13 adultos acima do peso ou obesos, sendo que metade deles seguiu uma dieta com 500 a 1 mil calorias a menos; enquanto o outro continuou comendo normalmente.
Por ressonância magnética, eles acompanharam a atividade cerebral diante de imagens de comidas ‘gordas’ e também de alimentos saudáveis.
Ao final do estudo, o grupo que passou pela reeducação alimentar não só emagreceu, mas começou a enxergar com bons olhos os pratos mais naturais e menos calóricos.
Tudo isso está ligado ao sistema de recompensa do cérebro, que, ao que tudo indica, pode ser muito bem treinado para favorecer a nossa saúde e a nossa felicidade diante do espelho quando a hora do biquíni chegar.
#Lookdodia ou #frutadodia? A escolha é toda sua
Por muito tempo eu julguei essas meninas que fazem foto de ‘look do dia’. Eu pensava: gente, de que me importa a roupa que essa fulana está usando hoje?
Mas depois de alguma reflexão eu entendi que a roupa e o estilo são algo que faz sentido para muitas pessoas. Então deixa a mulherada se clicar no espelho, né! Tão fazendo mal para ninguém não.
Mas com o verão se aproximando, e todo mundo à procura do milagre do emagrecimento, lanço hoje uma nova hashtag no Instagram: #frutadodia.
Sim, agora o Marmiteira tem Instagram! Vou passar a postar algumas fotos das frutas que levo para o trabalho para ver se ajudo alguém nesse exercício aí do cérebro.
Quem sabe olhando a fruta já cortadinha, no vidrinho, pronta para comer, as pessoas não se animam também para começar a esvaziar a fruteira de casa?
O sem-vergonha do meu marido já aprendeu. E todo mundo pode, é só querer. Yes, we can!
Segue lá: @marmitasaudavel