Muito se fala sobre os alimentos processados – mas você sabe exatamente quais são eles e por que são tão demonizados?
É bem simples, na verdade. Uma maçã é só uma maçã, certo? Não tem rótulo, não tem ingredientes que você desconhece, nem alguma propaganda dizendo “zero gordura”. Ou seja, é um alimento de verdade.
O que acontece com grande parte dos produtos industrializados é que eles passam por várias etapas de processamento, e, com a adição de ingredientes artificiais, ficam cada vez mais “de mentira”: em muitos deles tem pouco ou quase nada de elementos naturais.
Não à toa os integrais são a aposta de quem quer ter uma alimentação mais saudável; porque passaram por menos etapas de processamento, são mais “brutos”.
O Guia Alimentar da População Brasileira destrincha bem este tema e recomenda a diminuição do consumo de alimentos ultraprocessados, que conseguem ser ainda piores que os processados. Incluem-se aí nessa lista exemplos como biscoitos recheados, salgadinhos, refrigerantes e macarrão instantâneo.
São muitos os “contras” associados ao consumo exagerado deste tipo de alimento. Pedi algumas dicas nesse sentido para a nutricionista Daniela Canella que, em sua tese de doutorado, estudou a obesidade nos lares brasileiros. Ela também participou da equipe técnica que revisou o Guia Alimentar citado acima.
Em sua tese, Daniela confirmou a relação entre o consumo de produtos ultraprocessados e o aumento de índice de massa corporal, o famoso IMC. “Quanto maior a quantidade de calorias de ultraprocessados adquiridas, maiores os indicadores de obesidade”, conta.
A nutricionista fez uma lista de oito motivos pelos quais vale a pena tentar diminuir o consumo dos ultraprocessados. Confira.
1. Não são “comida de verdade”
Entre seus ingredientes existe pequena ou nenhuma quantidade de alimento “in natura” ou minimamente processado, como frutas, legumes e verduras, leite, arroz e outros grãos.
2. Muita gordura, açúcar e sal
São pouco equilibrados do ponto de vista nutricional, tendo, em geral, alto teor de óleos e gorduras, açúcar ou sal.
3. Salada de letrinhas no rótulo
Têm muitos componentes que nem mesmo conhecemos. É só olhar a lista de ingredientes presente no rótulo para perceber que várias das substâncias presentes são de uso exclusivamente industrial.
4. Consumo exagerado
São formulados para favorecer o consumo excessivo. Eles têm entre seus ingredientes substâncias sintéticas cuja função é dotá-los de cor, sabor, aroma e textura que os tornem extremamente atraentes.
5. Calorias demais
Favorecem o consumo excessivo de calorias. Eles “enganam” os dispositivos de que nosso organismo dispõe (presentes no sistema digestivo e no cérebro) para regular o consumo de calorias.
6. Pegadinha do diet e light
A reformulação dos alimentos ultraprocessados (versões premium, plus, light, diet, “menos calorias”, “adicionado de vitaminas e minerais”, etc.) não traz benefícios claros à saúde. Por exemplo: quando o conteúdo de gordura do produto é reduzido, aumenta-se o conteúdo de açúcar ou vice-versa. Quando se adicionam fibras ou vitaminas e minerais sintéticos, não há garantias que o nutriente adicionado reproduza no organismo a função do nutriente naturalmente presente nos alimentos.
7. Meio ambiente
Tendem a afetar negativamente o meio ambiente. A produção, distribuição e comercialização de alimentos ultraprocessados são potencialmente danosas, pois estimulam monoculturas dependentes de agrotóxicos e de água e geram enorme quantidade de lixo.
8. Cadê a comida de verdade no prato?
Tendem a limitar o consumo de alimentos “in natura” ou minimamente processados, pois a imensa maioria dos ultraprocessados é consumida em substituição a alimentos como frutas, leite e água ou preparações culinárias, no caso das refeições principais.
Dica de ouro
Na dúvida sobre quais alimentos evitar, vá pelo rótulo. Os que tiverem muitos ingredientes – segundo o Guia Alimentar, cinco ou mais – são os que mais passaram por processamento.
A publicação indica também ficar atento aos ingredientes com nomes pouco familiares e não usados em preparações culinárias caseiras. Entre os exemplos, estão “palavrões” como gordura vegetal hidrogenada, xarope de frutose, isolados proteicos, agentes de massa, espessantes, emulsificantes, corantes, aromatizantes, realçadores de sabor e vários outros tipos de aditivos.