Você já imaginou como seria o mundo se as crianças mantivessem a mesma confiança em seus corpos ao longo da vida, sem se deixarem levar pela pressão estética?
Ainda que, muito cedo, a gente já comece a ter referências externas do que é considerado “bonito” ou “feio”, ninguém nasce com essas paranóias ligadas ao corpo.
Esse é um tema central para quem, como eu, se interessa por estudar como a pressão estética entra nas nossas vidas e abala nossa autoestima. E por isso reassisti um vídeo que eu não via faz tempo, mas que, em partes, continua atual.
O que você mudaria no seu corpo?
No vídeo em questão, entrevistadores reuniram 50 pessoas, entre adultos e crianças, para fazer uma simples pergunta: “se você pudesse mudar uma coisa no seu corpo, o que seria”?
As entrevistas são feitas individualmente, e as respostas revelam a inocência de quem ainda não foi afetado pelos padrões de beleza.
Enquanto os adultos listam uma série de coisas que mudariam, como a altura, o tamanho da testa, das orelhas, ou a cor da pele, as crianças parecem não achar nada de errado no próprio corpo.
Embora citem coisas que mudariam, as respostas são bem diferentes (e engraçadas). “Eu gostaria de ter uma cauda de sereia”, disse uma. “Eu teria uma boca de tubarão, para poder comer mais!”, disse outro.
Inegavelmente, estes são exemplos bons de crianças que ainda não sofreram a influência da mídia e das redes sociais – algo que impacta diretamente o desenvolvimento da autoimagem infantil.
Entretanto, devo ressaltar que este vídeo tem quase 10 anos. E estudando sobre estes temas, vejo que a pressão estética atinge as crianças cada vez mais cedo – em especial, as meninas.
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Autoestima das crianças e os desafios atuais
Quando eu era criança, existia bullying, existia a pressão do balé clássico; e existia as novelas, as Paquitas, a Xuxa, e toda a sorte de mulheres “padrão” que encontrávamos ao ligar a TV.
Dessa forma, todas as meninas da minha geração também foram sobrecarregadas com imagens de supostos “corpos perfeitos” durante o período de desenvolvimento da autoimagem.
No entanto, naquela época não tinha Instagram, TikTok, nem Facebook. Inegavelmente, as redes sociais adicionaram uma camada extra de comparação, o que faz com que muitas crianças e adolescentes comecem a se sentir desconfortáveis diante do espelho desde muito cedo.
E não é tentando caber no padrão que a gente muda esse cenário. É se munindo de informação.
Celebrar o corpo pelo que ele é capaz
Não tenho a intenção aqui de fazer uma lista com dicas para alimentar a autoestima. Mas uma sugestão que eu gosto de espalhar, e que está bastante presente no meu livro, é: vamos buscar focar mais nas maravilhas que nosso corpo é capaz de fazer.
Colocar menos foco na imagem, e mais na funcionalidade, nas habilidades, nos talentos, nas experiências.
Pergunte-se, como no vídeo que eu citei: “Qual foi a última vez que você se sentiu confortável na própria pele?”. É provável que muita gente nem lembre como é essa sensação. E a luta é diária, diante de tanto material visual para nos compararmos e nos colocarmos pra baixo.
Ainda assim, vale a pena tentar. Combater a pressão estética também é um trabalho individual de resistência, autoconhecimento e autocompaixão. Se conseguirmos plantar essa sementinha nas crianças, talvez tenhamos gerações mais felizes e confortáveis na própria pele.
Construindo uma autoestima sólida
Se você já se viu às voltas com sua autoimagem, e nunca está satisfeita com o que vê diante do espelho, saiba que não está sozinha. Eu entrevistei dezenas de mulheres, além de diversos especialistas, e posso dizer que a coisa mais incomum do mundo é ouvir alguém dizer que não mudaria nada no próprio corpo!
Com o intuito de ajudar as pessoas a quebrarem o ciclo de comparação e construírem uma autoestima mais sólida, eu escrevi o Além do Like, meu primeiro livro-reportagem. Nele, você encontra 40 depoimentos de mulheres, que gentilmente me contaram sobre suas histórias, traumas e superações ligadas ao corpo.
Paralelamente aos casos reais, estão entrevistas com nutricionistas, psicólogas e educadoras físicas. Os capítulos finais também trazem dicas práticas para melhorar a relação com a comida, com a atividade física e com o espelho.
Para comprar, basta me mandar uma DM no Instagram!
Leituras complementares
Body image in childhood: How comfortable are children and young people with their bodies?