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Celulares nas escolas: por que repensar seu uso é importante? 

Você tem ideia do quanto as redes sociais impactam a sua autoimagem? Não apenas sua relação com o espelho, mas a saúde mental como um todo?

Atualmente, discute-se no Estado de São Paulo um projeto de lei que busca restringir o uso de celulares por estudantes tanto em instituições públicas quanto privadas. Se aprovada, essa medida irá sinalizar uma mudança social importante. 

Afinal, se o uso dos celulares afeta nós, adultos, tente imaginar as consequências geradas na cabeça de crianças e, sobretudo, adolescentes.

Redes sociais e a autoimagem dos jovens: uma batalha desafiadora

A fase da adolescência é marcada por insegurança e busca por validação social, e isso é potencializado pelas redes sociais. 

Sem dúvida, a busca por “likes” e comentários positivos é uma armadilha que tem feito muitos adolescentes, sobretudo as meninas, a odiarem o próprio corpo desde muito cedo. Veja, por exemplo, um pequeno trecho de um depoimento presente no meu livro:

Parte da minha adolescência foi regada pelo Instagram e, com isso, uma imagem de perfeição inexistente criou-se. Aos 15, tive problemas psicológicos, anorexia e depressão. Fazia no máximo uma refeição por dia e tentei me tornar alguém que não era. Foram cerca de três anos sofrendo com minha autoestima. Aos 18, resolvi desinstalar o Instagram. Atualmente, não uso muito e nem sigo as blogueiras maravilhosas com a vida perfeita, simplesmente por acreditar não acrescentarem nada a minha vida.” 

O excesso de imagens de corpos supostamente “perfeitos” aumenta a comparação e a ansiedade, ao passo que diminui a autoestima1. Quanto mais filtros se usa, quanto mais imagens dos mesmo padrão de beleza se vê, mais difícil fica a relação com a imagem real, sem retoques.

Ainda que o uso das redes sociais seja um caminho sem volta, a proibição do uso dos celulares nas escolas pode indicar um primeiro passo na busca por uma educação digital mais estruturada. Para que, no futuro, os celulares não sejam fonte de ansiedade e comparação social, mas sim, uma ferramenta importante de conexão e aprendizado. 

O vício nas redes 

De fato, o uso excessivo da mídia social por jovens é uma realidade mundial. Nos Estados Unidos, por exemplo, dados indicam que até 95% dos jovens de 13 a 17 anos afirmam usar uma plataforma de mídia social. Mais de um terço deles dizem que usam a mídia social “quase constantemente”2.

Da mesma forma, os jovens brasileiros estão conectados boa parte do dia. A última edição da TIC Kids Online, um dos mais relevantes estudos nacionais nesse sentido, mostrou dados similares. Só para exemplificar: 60% dos brasileiros de 9 a 17 anos afirmaram acessar o Instagram “várias vezes ao dia”, “todos os dias ou quase todos os dias” e 50% o TikTok.3

Imagem sobre o impacto do uso de celulares nas escolas e a saúde mental dos adolescentes
O uso excessivo de redes sociais afeta a autoestima e a imagem corporal de crianças e adolescentes. | Foto: Paul Hanaoka/Unsplash

Olhando números, nem sempre é fácil fazer a conexão com a vida prática, mas tente imaginar qual foi a última vez que você entrou em qualquer rede social e ficou menos que meia hora. 

Sem dúvida, os algoritmos são eficientes em nos prender. Estima-se que basta passar 35 minutos no TikTok para se tornar “viciado” na rede.4

A proibição de celulares nas escolas envolve questões que vão além do uso das redes sociais e da pressão estética. Entre eles, a busca por um maior nível de atenção e concentração; mais foco no aprendizado e no desempenho escolar; mais socialização; e a redução do bullying. 

Além disso, essa decisão está alinhada a medida de outros diversos países ao redor do mundo, que também entenderam a importância das crianças e adolescentes gastarem mais tempo na vida real.

Proibição de celulares nas escolas: uma solução parcial

É claro que as redes sociais não são somente tóxicas e nocivas. Elas também podem ser ferramentas para exercer a criatividade e a autoexpressão, além de criar ou reforçar conexões verdadeiras que extrapolam as telas. 

Paralelamente, os celulares podem ser utilizados como recursos de aprendizagem. Por isso, alguns especialistas argumentam que restringir totalmente pode ser uma tentativa fracassada, uma vez que, fora das escolas, os alunos terão acesso irrestrito aos aparelhos e às redes.5

No entanto, é preciso investir em educação digital para que as próximas gerações consigam fazer um uso mais saudável do celular. Proteger a saúde mental das crianças e adolescentes é algo urgente, e incentivar uma relação mais saudável com a própria imagem corporal, sem filtros e sem recursos, pode ser uma forma eficiente de cultivar autoestima.

Além do Like: repensando nossa relação com a imagem em um mundo digital

Para escrever o meu livro, colhi o depoimento de 40 mulheres, de diferentes idades, tamanhos de corpos e contextos sociais. Uma coisa que as une é a insatisfação corporal – não importa se é gorda, magra, jovem ou velha, a maioria das mulheres tem algo a reclamar sobre o próprio corpo.

O fato é que não nascemos com essa percepção equivocada sobre os nossos corpos. Não nascemos achando que temos algum tipo de defeito, ou que não somos boas o suficiente. A pressão estética nos é ensinada.

Dessa forma, espero que o Além do Like seja uma ferramenta importante para a descontrução desses padrões. Se você se interessou e quer saber mais, eu explico a estrutura dele nesse reels aqui na minha página do Instagram.

E se você quiser adquirir um exemplar, entre em contato comigo via DM!

Vamos juntas em busca de uma sociedade mais gentil e inclusiva. 🙂

Autora Dani Barg participa da Feira do Livro de SP
Autora Dani Barg participa da Feira do Livro de SP | Foto: Bruna Araújo
  1. The Effects of Social Media Use on Teens’ Body Image: https://www.psychologytoday.com/us/blog/no-more-fomo/202312/the-effects-of-social-media-use-on-teens-body-image ↩︎
  2. Surgeon General Issues New Advisory About Effects Social Media Use Has on Youth Mental Health: https://www.hhs.gov/about/news/2023/05/23/surgeon-general-issues-new-advisory-about-effects-social-media-use-has-youth-mental-health.html ↩︎
  3. TIC Kids Online investiga, pela primeira vez, frequência do uso de plataformas digitais por crianças e adolescentes: https://cetic.br/pt/noticia/tic-kids-online-investiga-pela-primeira-vez-frequencia-do-uso-de-plataformas-digitais-por-criancas-e-adolescentes/ ↩︎
  4. Inside the TikTok documents: Stripping teens and boosting ‘attractive’ people: https://www.npr.org/2024/10/12/g-s1-28040/teens-tiktok-addiction-lawsuit-investigation-documents ↩︎
  5. Do phones belong in schools? https://news.harvard.edu/gazette/story/2023/03/experts-see-pros-and-cons-to-allowing-cellphones-in-class/ ↩︎

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