“Comida de fim de semana” e “do dia-a-dia”: faz sentido isso?
Certa vez, fui entrevistar uma pessoa na própria casa dela. Eu ia fazer uma matéria contando um pouco da história pessoal e do projeto que ela estava desenvolvendo. Era uma casa bem simples, mas cheia de amor, notei. Uma entrevista começa antes da conversa em si. Começa na observação dos detalhes, dos trejeitos, da forma de se vestir, da decoração da casa, dos objetos espalhados pelo chão. Essa entrevista não tinha nada a ver com comida, nem com nutrição. Era na verdade sobre um documentário. Mas a primeira coisa que eu percebi ao entrar na casa foi a cozinha (surprise, surprise!). Cheia de louça. Pratos, talheres, vasilhas. Duas taças, um delas, ainda com um resto de vinho tinto. A borda de uma forma estava impregnada com uma espécie de creme branco e algumas sobras de queijo derretido e seco. “Algo delicioso foi gratinado aqui”, imaginei. Eu vi amor naquela cozinha bagunçada. Era uma manhã cinzenta de quarta-feira. O que significava que aquele banquete regado à vinho tinha sido realizado em uma terça-feira à noite. TERÇA-FEIRA. …