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Celulares nas escolas: por que repensar seu uso é importante? 

Você tem ideia do quanto as redes sociais impactam a sua autoimagem? Não apenas sua relação com o espelho, mas a saúde mental como um todo? Atualmente, discute-se no Estado de São Paulo um projeto de lei que busca restringir o uso de celulares por estudantes tanto em instituições públicas quanto privadas. Se aprovada, essa medida irá sinalizar uma mudança social importante.  Afinal, se o uso dos celulares afeta nós, adultos, tente imaginar as consequências geradas na cabeça de crianças e, sobretudo, adolescentes. Redes sociais e a autoimagem dos jovens: uma batalha desafiadora A fase da adolescência é marcada por insegurança e busca por validação social, e isso é potencializado pelas redes sociais.  Sem dúvida, a busca por “likes” e comentários positivos é uma armadilha que tem feito muitos adolescentes, sobretudo as meninas, a odiarem o próprio corpo desde muito cedo. Veja, por exemplo, um pequeno trecho de um depoimento presente no meu livro: “Parte da minha adolescência foi regada pelo Instagram e, com isso, uma imagem de perfeição inexistente criou-se. Aos 15, tive problemas …

crianças sentem a pressão estética cada vez mais cedo, o que afeta a imagem corporal infantil

Da inocência à insegurança: como a pressão estética afeta a imagem corporal das crianças

Você já imaginou como seria o mundo se as crianças mantivessem a mesma confiança em seus corpos ao longo da vida, sem se deixarem levar pela pressão estética? Ainda que, muito cedo, a gente já comece a ter referências externas do que é considerado “bonito” ou “feio”, ninguém nasce com essas paranóias ligadas ao corpo.  Esse é um tema central para quem, como eu, se interessa por estudar como a pressão estética entra nas nossas vidas e abala nossa autoestima. E por isso reassisti um vídeo que eu não via faz tempo, mas que, em partes, continua atual.  O que você mudaria no seu corpo? No vídeo em questão, entrevistadores reuniram 50 pessoas, entre adultos e crianças, para fazer uma simples pergunta: “se você pudesse mudar uma coisa no seu corpo, o que seria”?  As entrevistas são feitas individualmente, e as respostas revelam a inocência de quem ainda não foi afetado pelos padrões de beleza. Enquanto os adultos listam uma série de coisas que mudariam, como a altura, o tamanho da testa, das orelhas, ou …

redes sociais e saúde mental: tá todo mundo fingindo felicidade no Instagram?

Redes sociais e saúde mental: tá todo mundo fingindo que tá bem?

Hoje eu li uma matéria muito interessante na The Atlantic sobre a saúde mental das adolescentes americanas. Segundo uma pesquisa, o sentimento de tristeza e falta de esperança passou de 36% para 57% nos últimos dez anos, com uma piora expressiva durante a pandemia.  Ironicamente, foi “graças” ao período de confinamento que o tema saúde mental passou a ser tratado com mais seriedade, com a ampliação de serviços, informações e conscientização nessa área.  As redes sociais frequentemente são apontadas como grandes gatilhos da ansiedade e depressão. Em parte, porque elas nos isolam do contato presencial. Ao mesmo tempo, elas nos expõem ao pior do ser humano, segundo essa mesma matéria:  ” In life, treating minor problems as catastrophes is a straight path to misery—but online, the most catastrophic headlines get the most attention. In life, nurturing anger produces conflict with friends and family; online, it’s an excellent way to build an audience. (Na vida, tratar problemas menores como catástrofes é um caminho direto para a miséria – mas online, as manchetes mais catastróficas recebem mais …

Escreva o livro que você gostaria de ler

As mulheres estão insatisfeitas diante do espelho. É a celulite, a barriga que está muito flácida, a pele, o cabelo. Parece que não somos suficientes diante da “perfeição” das redes sociais. Eu também estive (e às vezes, ainda estou) insatisfeita com a minha imagem. É aquela coisa: quando você consegue emagrecer os tais dos dois quilinhos que estavam sobrando, logo caça outra “imperfeição” para encarar diante do espelho. Mas de onde vem essa insatisfação? Quem nos fez acreditar que há algo de errado com nosso corpo? Por que nunca está bom? Eu fiz essas perguntas a mim mesma por muitos anos, mesmo sendo uma mulher que se encaixa no padrão de beleza atual. Li muitos livros a respeito destes temas, vi documentários, filmes, palestras; ouvi podcasts. Uma coisa que eu notava em comum em todos esses conteúdos é que as raizes da pressão estética sofrida pela mulher já estão muito bem estudadas e fundamentadas. Mas ainda pouco se fala das consequências e, sobretudo, sobre o que a gente pode fazer pra tentar ressignificar a nossa …

Desperdício de alimentos: uma verdade indigesta

O Brasil enfrenta uma enorme crise de insegurança alimentar e muita gente se viu forçada a mudar seus hábitos por questões econômicas. A pandemia piorou muito este quadro, por conta do cenário econômico, e é triste pensar que tanta gente não sabe se vai conseguir garantir uma única refeição ao longo do dia. São 19 milhões de brasileiros lidando com a fome atualmente. Ao mesmo tempo, estamos jogando muita comida fora. O Índice de Desperdício de Alimentos 2021 da Organização das Nações Unidas (ONU), publicado no último mês de março, indica que em 2019 foram desperdiçados cerca de 931 milhões de toneladas de alimentos, o que corresponde a 17% do que estava disponível para consumo.  É claro que não somos os únicos culpados, esse índice também inclui restaurantes, comércio varejista e outros serviços alimentares. Mas o que cada um faz individualmente na sua casinha também conta – e muito. E eu imagino que muita gente nem se dá conta do impacto que suas escolhas individuais têm no todo.  É compreensível: não existe uma conscientização muito …

o que é ser velho?

O que é “ser velho”?

Semana passada começou a rolar uma thread no Twitter que evidenciava um conflito de gerações: aparentemente, pagar boleto, ser fã de “Friends” e gostar de cerveja litrão seriam “coisas de velho”. Eu me divirto com esses embates que tomam conta das redes sociais, e, nesse caso específico, me identifiquei 200% com os hábitos típicos da geração Millenium, ou seja, pessoas nascidas entre 1981 e 1996.   Me fez refletir sobre o que eu considero “ser velho”. Depois de muito conversar com meu marido sobre o tema (sim, threads e memes do Twitter geram boas e profundas discussões aqui em casa), concluí que só fica velho quem desiste da vida, quem acha que é tarde para fazer determinadas coisas.  Não ignoro o fato de que a idade traz algumas limitações físicas – mas acredito que até isso a gente consegue contornar a partir de hábitos saudáveis ao longo da vida.  Mas me refiro ao brilho no olhar que a gente tem quando se apaixona por algo novo. A partir do momento que não tem mais isso, envelheceu, …

projeto dove autoestima

Hello, beautiful

Quando eu trabalhava em redação, cobria muita pauta de moda e beleza. Frequentemente, quando estava diante de modelos, atrizes e cantoras belíssimas, eu sentia como se elas tivessem passado pelo Photoshop antes do evento: pele, make e cabelos impecáveis; roupas nos cortes e tons corretos; corpos esguios; músculos definidos. Nenhum sinal de excesso de gordura, nenhuma mancha, nenhuma celulite aparente. Nas raras vezes que eu conseguia ir ao banheiro para fazer um xixi, e esbarrava comigo mesma no espelho, era sempre um choque: “caramba! Acho que eu devia ter me arrumado um pouquinho mais” – era o que eu pensava invariavelmente.  Evidentemente, quando eu saía correndo para uma pauta, eu não estava lá muito preocupada com meu cabelo (que provavelmente estava preso por uma caneta em um coque, pra não cair na minha cara e me atrapalhar) ou com as minhas roupas (procurava usar peças mais confortáveis e tênis ou sapato baixinho, para aguentar longas jornadas de pé). Não tinha cabimento algum eu comparar a minha imagem – de uma mulher comum – com a …

Clubhouse é a rede social do momento, e por enquanto só é possível entrar por lá com um iPhone e um convite

Precisamos de mais uma rede social?

Tá rolando um buxixo sobre uma nova rede social aí: tal de Clubhouse. Acho engraçado o burburinho que se forma quando surge algo do tipo. Os criadores vendem o aplicativo como “exclusivo”, “só para quem tem iPhone”; “só entra com convite”.  Daí começam a pipocar pessoas dizendo que têm convites para distribuir, como se a tal rede fosse uma balada glamourosa que você pode acabar ficando de fora. Fácil ser comunista na Internet (também sou), mas no fundo o que todo mundo gosta mesmo é de uma boa e velha listinha VIP.  Isso fatalmente atrai curiosidade e aumenta o desejo sobre algo que é “para poucos”. Mas se o aplicativo vingar, daqui a pouco todo mundo vai conseguir entrar nessa balada. E aí o tal glamour gerado pelo climinha de mistério desaparece. Em se tratando de redes sociais, a “balada dos vipões”, com o tempo, acaba virando o famoso churrascão na laje: caótico, ruidoso, diverso e democrático.   Com o Facebook foi assim, com o Instagram também. Até com o Orkut foi assim e, bem, o …

Estamos vivendo ou só competindo?

Eu li 21 livros em 2020. Para algumas pessoas, esse número pode parecer altíssimo. Para outras, apenas normal. Há ainda um terceiro grupo que achará essa informação simplesmente desprezível. Tudo vai depender do repertório de quem, por um acaso, resolver fazer as contas de quantos livros leu esse ano, e, então, comparar a própria marca com a minha. E se você está fazendo isso nesse momento, já se perguntou se esse hábito da comparação, como se a vida fosse uma grande e infinita competição, te faz bem?  Já tem um tempo que descobri que comparar-se com os outros é uma completa roubada. Lendo algumas coisas sobre esse tema – e fazendo muita terapia – aprendi que o mais indicado para não nos frustramos seria nos compararmos apenas com nós mesmos. Com o seu eu do passado, seja a sua versão de dez anos atrás, seja sua versão de ontem. Afinal, quem melhor do que eu mesma para dizer se 21 livros em um ano é algo bom, mediano ou ruim?  Ninguém, além de mim mesma, …

Por que biscoitas?

Em plena pandemia, tem gente curtindo a vida adoidado e ainda pedindo biscoito na internet com fotos incrivelmente felizes, no meio da galera, de festas ou de lugares maravilhosos, o que com frequência nos faz pensar: descobriram a vacina e não nos avisaram? Não me eximo da culpa, também posto uma coisinha ou outra eventualmente. Afinal, alegria completa é alegria compartilhada, não é mesmo? Quando tem like (a.k.a, biscoito) então, vixe, aí é dopamina lá em cima. Com tanto estímulo, fica difícil tirar o olho do celular e enxergar adiante. Mas será que, em 2020, um ano em que as pessoas estão desesperançosas e cansadas mentalmente, o “cada um por si” virou o novo normal? Ainda há espaço para a empatia nas nossas vidas, com o mundo (literalmente) pegando fogo? Estou falando de biscoito e de empatia no mesmo texto porque acredito que uma coisa tem a ver com a outra: quando estamos determinados em conseguir nosso biscoitinho, estamos focados em nós, e não no outro. Frequentemente eu mesma me pergunto: como é que a …