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crianças sentem a pressão estética cada vez mais cedo, o que afeta a imagem corporal infantil

Da inocência à insegurança: como a pressão estética afeta a imagem corporal das crianças

Você já imaginou como seria o mundo se as crianças mantivessem a mesma confiança em seus corpos ao longo da vida, sem se deixarem levar pela pressão estética? Ainda que, muito cedo, a gente já comece a ter referências externas do que é considerado “bonito” ou “feio”, ninguém nasce com essas paranóias ligadas ao corpo.  Esse é um tema central para quem, como eu, se interessa por estudar como a pressão estética entra nas nossas vidas e abala nossa autoestima. E por isso reassisti um vídeo que eu não via faz tempo, mas que, em partes, continua atual.  O que você mudaria no seu corpo? No vídeo em questão, entrevistadores reuniram 50 pessoas, entre adultos e crianças, para fazer uma simples pergunta: “se você pudesse mudar uma coisa no seu corpo, o que seria”?  As entrevistas são feitas individualmente, e as respostas revelam a inocência de quem ainda não foi afetado pelos padrões de beleza. Enquanto os adultos listam uma série de coisas que mudariam, como a altura, o tamanho da testa, das orelhas, ou …

Escreva o livro que você gostaria de ler

As mulheres estão insatisfeitas diante do espelho. É a celulite, a barriga que está muito flácida, a pele, o cabelo. Parece que não somos suficientes diante da “perfeição” das redes sociais. Eu também estive (e às vezes, ainda estou) insatisfeita com a minha imagem. É aquela coisa: quando você consegue emagrecer os tais dos dois quilinhos que estavam sobrando, logo caça outra “imperfeição” para encarar diante do espelho. Mas de onde vem essa insatisfação? Quem nos fez acreditar que há algo de errado com nosso corpo? Por que nunca está bom? Eu fiz essas perguntas a mim mesma por muitos anos, mesmo sendo uma mulher que se encaixa no padrão de beleza atual. Li muitos livros a respeito destes temas, vi documentários, filmes, palestras; ouvi podcasts. Uma coisa que eu notava em comum em todos esses conteúdos é que as raizes da pressão estética sofrida pela mulher já estão muito bem estudadas e fundamentadas. Mas ainda pouco se fala das consequências e, sobretudo, sobre o que a gente pode fazer pra tentar ressignificar a nossa …

projeto dove autoestima

Hello, beautiful

Quando eu trabalhava em redação, cobria muita pauta de moda e beleza. Frequentemente, quando estava diante de modelos, atrizes e cantoras belíssimas, eu sentia como se elas tivessem passado pelo Photoshop antes do evento: pele, make e cabelos impecáveis; roupas nos cortes e tons corretos; corpos esguios; músculos definidos. Nenhum sinal de excesso de gordura, nenhuma mancha, nenhuma celulite aparente. Nas raras vezes que eu conseguia ir ao banheiro para fazer um xixi, e esbarrava comigo mesma no espelho, era sempre um choque: “caramba! Acho que eu devia ter me arrumado um pouquinho mais” – era o que eu pensava invariavelmente.  Evidentemente, quando eu saía correndo para uma pauta, eu não estava lá muito preocupada com meu cabelo (que provavelmente estava preso por uma caneta em um coque, pra não cair na minha cara e me atrapalhar) ou com as minhas roupas (procurava usar peças mais confortáveis e tênis ou sapato baixinho, para aguentar longas jornadas de pé). Não tinha cabimento algum eu comparar a minha imagem – de uma mulher comum – com a …

Piazza San Pietro Roma

Você quer ser linda para você…ou para os outros?

* English version below  A gente tem umas bobeiras na adolescência, né? A imagem é algo muito importante nessa fase da vida e parecer belo aos olhos dos outros é um privilégio de poucas. Sim, porque a maioria vai ter um “defeito” pra virar alvo de piada. Tem a gorda, a magrela, a que tem muita espinha, a que tem muito peito (ou a que não tem nenhum), a que tem o cabelo “assim” ou “assado”….enfim, a lista é infinita.Tenho lido muito a respeito de insatisfação corporal e uso os adjetivos acima no feminino porque as mulheres, historicamente, sempre foram mais cobradas que os homens para se encaixar nesse tal padrão de beleza. Quando eu tinha meus 11, 12 anos, não gostava muito do meu nariz. Na verdade, eu até gostava, mas aí me mudei de prédio, fiz uma turminha nova e, no julgamento deles, meu nariz era grande demais.  Acreditei nisso por um tempo. Mas, felizmente, venho de uma família amorosa que sempre me mostrou que eu era suficientemente linda aos olhos deles. E que …

E o tempo que a gente perde cuidando da imagem? Vale a pena? 

Às vezes fico pensando que eu poderia ter chegado em Harvard se tivesse dedicado aos estudos o mesmo tempo que gastei, ao longo da vida, cuidando da minha imagem. E olha que não sou das pessoas mais vaidosas do mundo. Não vou a salões de beleza, não faço tratamentos estéticos, nunca fiz plástica e a última vez que passei esmalte na unha faz uns seis meses.  Por outro lado: frequento academia, aplico creme no rosto todo dia (de manhã e à noite); sempre passo, além do protetor solar, pelo menos um blushezinho e um rímel antes de botar a cara no sol (e jamais durmo de maquiagem); lavo o cabelo diariamente, faço depilação a cada quinze dias….Frequentemente também perco uns bons minutos antes de sair de casa com dúvidas sobre o que vou vestir. A ideia aqui não é limitar os cuidados com a beleza à uma simples futilidade.  Também não estou dizendo que ser desleixada é o caminho para a felicidade suprema.    Apenas constatei, especialmente nos últimos anos, que muitas dessas rotinas que segui …

Golden Gate Bridge - San Francisco, California

Você se sente representada no Insta? Saiba por que isso importa

Não foi à toa que escolhi essa foto para ilustrar esse texto. Nela, você vê um cartão postal, uma menina sorridente e… só. Se você é usuário do Instagram, provavelmente vai ter acesso a centenas de outras fotos parecidas com essa ao longo do dia.  Vai ver pratos incríveis, praias com águas cristalinas, casais apaixonados, best friends forever, looks do dia…e muitos, mas muitos corpos considerados “perfeitos” para o padrão de beleza atual.  Diversas pesquisas têm mostrado que as redes sociais estão bagunçando a saúde mental das pessoas, justamente porque esse bombardeio de estímulos acaba sendo um gatilho para a comparação constante e a sensação eterna de que a vida de todo mundo é incrível – menos a sua.  Esse tipo de frustração pode ter origens diversas, mas acredito que uma das significativas é a falta de representatividade e de identificação. Especialmente no que diz respeito ao corpo feminino. Na era do empoderamento da mulher e de uma maior conscientização sobre o feminismo (amém, MULTIPLICA, SENHOR!), ainda falta muito para vermos uma maior diversidade de …

A repórter gorda te incomoda? A mim, sim

Nem vou entrar no mérito de que nós, mulheres, temos que provar duas vezes que somos boas em algo para sermos validadas. Você quer ser mãe e profissional ao mesmo tempo? Então se vira aí com seus sentimentos pós-parto, desapega logo dessa cria e, por favor, volte a malhar, porque “ai” daquela que ousar não perder os quilos rapidamente. Recentemente virou notícia o caso da repórter Michelle Sampaio, da TV Vanguarda, afiliada da Globo, que foi dispensada da emissora depois de muitos e muitos anos de casa. O motivo seriam os quilos que ela ganhou na gravidez e não conseguiu eliminar, segundo contou no Instagram e em algumas entrevistas. A emissora nega. Mas o curioso dessa história é o efeito que esse desabafo causou entre outras colegas da imprensa, que também vieram a público falar da pressão estética que sofriam dentro da mesma emissora. Sabe o movimento #metoo? Ou o caso João de Deus? É basicamente isso: uma única voz solitária e corajosa é capaz de abrir as portas para outras milhares que estão oprimidas. …

Autoimagem5 CC

Bruna Marquezine “magra demais”: por que o corpo alheio incomoda tanto?

A essa altura, você já deve estar sabendo que um dos assuntos mais comentados da semana foi o desabafo da Bruna Marquezine no Instagram sobre as críticas que ela vem recebendo sobre seu corpo. Sim, ela recebe comentários negativos, mesmo tendo aquele corpo, mesmo estando 100% dentro do padrão considerado bonito, mesmo postando fotos absolutamente incríveis com looks que nem 0,0001% das pessoas que eu conheço conseguiria pagar, em cenários igualmente deslumbrantes. Em tempo: eu não sigo a Bruna Marquezine, de modo que não me ocorreu que ela recebesse críticas, muito menos pela aparência.  Se você pegou o bonde andando, aqui vai um breve resumo: aparentemente, algumas pessoas acham que ela está “muito magra” e, por isso, se acham no direito de falar o que bem entendem nos comentários das fotos que ela posta. Às vezes sob a desculpa de que estão preocupados com a saúde da moça (Oi? Roupa no tanque pra lavar, não tem?), e às vezes de forma maldosa mesmo. Tecem comentários grosseiros, com argumentos absurdos. “Desse jeito vai ficar anoréxica”, “Cuidado …

Cirurgia Plastica Pierre Best

Cirurgia plástica no Brasil, segundo lugar no mundo. Até quando?

Eu achava que cirurgia plástica no Brasil era coisa de gente rica até me deparar com um documentário muito bom que está disponível no Youtube, Brazil’s plastic surgery obsession, do canal Unreported World. É interessante que um canal de fora do País olhou para um assunto que eu, de dentro da minha bolha, nunca tinha parado para pensar: as mulheres periféricas também fazem cirurgia plástica. O impulso é o mesmo em qualquer classe social – reproduzir o que se consome todos os dias nas revistas, nas novelas, no Instagram: um padrão de beleza baseado na magreza, extremamente excludente e opressor. Algo que influencia, da mesma forma, TODAS as mulheres – independente da conta bancária, do nível de escolaridade ou da região onde mora. Eu realmente acho que todo mundo tem o direito de fazer o que quer com seu próprio corpo e melhorar o que não gosta. O que me intriga é a motivação – por que estamos cada vez mais insatisfeitas com nossos corpos? Que corpo perfeito é esse que faz muitas mulheres se …

“Estou tão gorda”. Será que está mesmo? E a quem isso importa?

Eu sempre me achei gorda. Acho que começou ainda na infância, quando eu era a única criança com o corpo “normal” em meio a tantas Olívias Palitos da sala de balé. Que também eram “normais”, dentro do biotipo delas. Mas elas não eram só “normais” para o balé. Elas eram perfeitas. Eu não era perfeita dentro desse universo. Tanto que eu não fui além da terceira série, quando já estava até usando sapatilha de ponta. Desisti. Angustiada com vontade de dançar, mas me sentindo inadequada naquele ambiente, passei anos e anos me dedicando a TODAS as outras modalidades de dança imagináveis. Jazz, moderno, contemporâneo, salsa, bolero, gafieira. Zouk (capítulo a parte: saudade ♥). Não acho que foi só o balé que moldou a minha forma de olhar a mim mesma no espelho, foram diversos outros fatores. Felizmente, nunca cheguei a desenvolver nenhum transtorno alimentar.  Além disso, por conta da minha criação, meus hábitos sempre me ajudaram a manter uma certa estabilidade no meu peso. Gosto de comer comida de verdade e caseira (que é uma …