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No filme A Substância, sobre pressão estética e preconceito sobre envelhecimento, Demi Moore dá vida à Elizabeth Sparkle

A Substância: o terror de Hollywood sobre pressão estética e envelhecimento feminino

O que você faria para parar o tempo e manter a juventude? Parece um sonho impossível, mas para muitas mulheres, essa busca desesperada é uma realidade, especialmente em Hollywood. Muitas tentam se manter jovem, investem em procedimentos estéticos, mas as críticas não param. Além de as pessoas julgarem o envelhecimento, criticam também as que tentam combatê-lo. Difícil agradar todo mundo, né? No filme A Substância, estrelado por Demi Moore, essa pressão estética é trazida à tona de forma grotesca e impactante. Ironicamente, sua personagem é quase uma metáfora dessa pressão que ela mesma já experienciou na vida real. Resumo do filme “A Substância” (sem spoilers) O filme A Substância é uma crítica feroz à obsessão pela juventude e à invisibilidade das mulheres ao envelhecer. Demi Moore interpreta Elizabeth Sparkl, uma atriz que tem um programa fitness na TV e está completando 50 anos. Uma vez que cometeu o “crime” de envelhecer, perde seu posto, e fica bastante descontrolada. De forma inesperada, encontra uma fórmula secreta para criar uma versão mais nova de si mesma. Em seguida, …

Documentário mostra o nascimento da Barbie Negra

Black Barbie: documentário mostra a importância da representatividade

Grandes conquistas podem surgir de pequenos gestos de coragem. Foi assim que nasceu a primeira Barbie negra, em 1980, a partir de uma simples pergunta, como conta o documentário Black Barbie, disponível na Netflix. O filme traz entrevistas com mulheres que trabalharam na Mattel – fabricante da boneca – e tiveram papeis cruciais nessa construção.  A primeira delas foi Beulah Mae Mitchell, uma mulher negra que trabalhava na fábrica e teve a ousadia de perguntar à Ruth Handler, criadora da Barbie: “Por que não fazemos uma Barbie que se pareça comigo?”.  Embora pareça estranho afirmar que uma pergunta tão básica seja interpretada como um ato de coragem, é preciso considerar que nossa sociedade é, sim, racista. E há 60 anos atrás, quando surgiu a primeira Barbie, era ainda mais. De tal forma que ter mulheres negras no quadro de funcionários e acatar suas opiniões já poderia ser visto, naquela época, como algo revolucionário. Sem dúvida, não fossem essas mulheres, muitas meninas ainda não se sentiriam representadas em uma das bonecas mais populares em todo o …

Zezé Motta | Foto: Nelson Di Rago/Globo

Em tempos de redes sociais e padronização, representatividade é ouro 

“Enquanto algum negro ou alguma mulher tiver sendo humilhada pelo fato de ser negro e de ser mulher eu vou me sentir humilhada.” É assim que Zezé Motta define sua sensação sendo uma figura de destaque tão importante na TV e cinema brasileiros. A fala é apenas uma entre tantas impactantes reunidas no documentário Tributo, disponível no Globoplay.  Representatividade é um tema que eu exploro muito no meu livro, o Além do Like. De tal forma que assistir esse documentário foi como um sopro de esperança sobre essa questão. Zezé é a prova viva de que a representatividade é um dos caminhos mais eficazes para uma sociedade mais diversa e menos excludente.  Cadê todo mundo? Se sentir pertencente é uma necessidade humana, e por muito tempo as mulheres negras não se viam representadas na TV em papéis de destaque. Felizmente, esse cenário está mudando, ainda em passos lentos, e é uma alegria ver o tanto de portas que Zezé abriu. Nas entrevistas, ela conta que ao começar a fazer sucesso na TV, percebeu o quanto …

Bebê Rena é baseada em uma história real

Bebê rena: uma história real sobre baixa autoestima

A série Bebê Rena (Baby Reindeer) está dando o que falar por vários motivos. Primeiro por ser intrigante a ponto de ser impossível não maratonar. Segundo por ser baseado em uma história real (!!!). Terceiro porque é difícil de acreditar que algo tão maluco assim aconteceu de verdade. A história gira em torno de Donny, um aspirante a comediante que trabalha em um pub para pagar as contas; e Martha, uma misteriosa cliente que adentra ao local sem ter dinheiro para consumir nada. Donny percebe que a moça não está nos seus melhores dias e a oferece uma xícara de chá por conta da casa. A partir daí, a história se transforma.  Martha, encantada com uma fagulha de atenção e afeto, passa a stalkear Donny e a persegui-lo de todas as formas; por e-mail, pelo Facebook, Twitter. E, acredito eu, o pior pesadedelo de quem é stalkeado – ela passa a segui-lo ao vivo. No bar, na rua, na plateia onde ele se apresenta. É assustador. Bem, minha ideia aqui não é fazer uma resenha …

“Fake famous” desmascara a cultura dos “likes”

“Stop making stupid people famous“. A frase, que em tradução literal significa: “Pare de fazer pessoas estúpidas famosas”, nunca esteve tão atual. Todo dia vemos alguém, com milhares de seguidores, falando algo de forma irresponsável na Internet.  A fórmula é sempre a mesma: a pessoa posta algo polêmico que choca/desagrada um monte de gente. Daí, ela faz um vídeo dizendo que sua fala foi “mal-interpretada” ou “tirada de contexto”. Passa uma semana, um mês talvez…e o ciclo se repete. E assim ela se mantém em evidência, às vezes até ganhando mais seguidores. A cultura dos likes está bagunçando a nossa percepção das coisas. Ainda acreditamos que o número de curtidas e de seguidores é sinônimo de credibilidade.  Por isso hoje eu vim para indicar um documentário que mostra um pouco sobre como é relativamente “fácil” fazer alguém ficar famoso na Internet. Fake Famous, da HBO, desmistifica um pouco essa questão, a partir de um experimento feito pelo jornalista Nick Bilton.  Ele recrutou três anônimos e embarcou em uma jornada para transformá-los em influencers super bombados. …

documentario-sandy-e-junior-a-historia

Eu acho que pirei

A quarentena fez minha saudade do Brasil quadruplicar e um dos “presentes” que eu me dei foi uma assinatura do Globoplay. Eu evitava assinar por medo de me apegar às novelas e passar muito tempo ouvindo o idioma português (aconteceu).  Amo minha língua, mas me forço a treinar o inglês na maior parte do meu tempo, para que eu fique cada vez melhor. Coisa de gente nerdinha e perfeccionista.  Um belo dia, caí no documentário que conta a história da dupla Sandy & Júnior. Nunca fui fã assumida, mas gosto muito de saber a história das pessoas e esta série é praticamente uma biografia da trajetória profissional dos dois. Mal pisquei, terminei. Nem vi o tempo passar. Fiquei fascinada com o profissionalismo daquelas crianças, com a seriedade, com a lucidez de não se comportarem em nenhum momento como dois deslumbrados escrotos – como tanta gente com bem menos fama acaba se transformando. Bom, independente do seu gosto musical, é preciso admitir: o sucesso destes dois não foi uma alucinação coletiva; foi algo bem real. Turu …

Framing Britney Spears

Ser perfeita cansa: Britney Spears que o diga

Se você estava vivo e com o mínimo acesso à Internet entre 2007 e 2008, não deve ter passado batido por algumas das imagens mais famosas de Britney Spears. Primeiro, raspando a própria cabeça numa barbearia; algum tempo depois, atacando o carro de um paparazzi com um guarda-chuva verde.  As duas fotos são icônicas porque marcaram a virada de chave de uma carreira muito bem-sucedida. Foi ali que a cantora, até então idolatrada como a “princesinha do pop”, passou a ser massacrada publicamente e a perder o controle da própria vida.  Essa trajetória rumo ao estrelato até o colapso está registrada em um recente documentário do New York Times, “Framing Britney Spears”, que busca desvendar o mistério por trás da custódia da cantora pelo pai, Jamie Spears. Há mais de dez anos, é ele quem controla não só as finanças, mas basicamente todas as decisões da filha.  O intrigante é que durante todo esse tempo ela trabalhou e fez muito, mas muito dinheiro. Ou seja: é considerada sã para performar em turnês mundiais, mas não …

Precisamos normalizar o final feliz sem príncipe

Nada melhor do que uma série gostosinha para amenizar o coração do povo sofrido que sobreviveu a 2020, não é mesmo? Carente, melancólica e com saudades da família, não pensei duas vezes em dar o play na série  “Namorado de Natal”, da Netflix, e simplesmente maratonei. Essa é a típica série que nos faz esquecer do mundo lá fora.  Toda a estética é agradável e traz um “quentinho” para o coração: a neve, os dramas familiares de fácil identificação, amigos ponta-firme e uma protagonista encantadora, daquelas que dá vontade de ser amiga. Os personagens são carismáticos, bem escritos. Em pouco tempo, eu estava apegada a eles. Nem vi as horas passarem. A série talvez tenha cumprido seu objetivo principal: me distraiu.  Spoiler alert Devo adiantar que, a partir de agora, trago um spoiler gigantesco, porque embora eu tenha adorado a série, esperava mais do desfecho da personagem principal, Johanne, uma enfermeira de 30 anos que sofre pressão familiar para arrumar um namorado. Até aí, nada de novo. Inúmeras produções giram em torno do “problema” de …

Veganismo é coisa de rico?

Quando eu morava no Brasil, eu morria de vontade de tomar leite de amêndoa, desses industrializados que vêm em embalagens lindas. Eu lembro que, na época, quase caí de costas quando descobri que uma caixa custava em torno de 25 reais. Nunca comprei. Na verdade eu até poderia comprar, mas me recusava. Eu sempre frequentei feira, sacolão, horta, empório, mercadões, etc. Eu sempre soube o valor das coisas. Quando cheguei aqui o susto foi bom: no mercado onde costumo fazer minhas compras, o leite de amêndoa custa U$ 1.99. Tudo bem que o dólar a essa altura tá o que? Oitenta reais? Mas ainda assim, imagine que para uma pessoa que mora aqui, e ganha em dólar, gastar dois doll numa caixinha de leite de amêndoa não vai deixar ninguém mais pobre. Acho essa diferença um pouco revoltante. E uso o exemplo do leite vegetal porque ele é apenas um dos incontáveis produtos que apareceram nas prateleiras nos últimos anos como alternativas para quem quer excluir alimentos de origem animal do cardápio.  Não demorou para …

O dilema das redes: entenda o algoritmo ou fuja para as montanhas

Eu já pensei em sair do Facebook várias vezes. Mas esses dias aconteceu um fenômeno curioso, logo depois do lançamento do documentário O dilema das redes, disponível na Netflix. Como esse é um tema que me interessa, eu tinha colocado um lembrete para assistir assim que fosse lançado. E foi o que eu fiz: assisti na mesma noite. A princípio, o documentário não me despertou muita coisa. Acho que coloquei expectativa demais.  Eu esperava mais dados científicos, esperava ser surpreendida com novas pesquisas de comportamento, esperava alguma novidade e muito mais profundidade. Pensei: vou assistir mais uma vez para ver se mudo de ideia.  Só que nos dias seguintes começaram a pipocar nas minhas redes sociais as reações sobre o documentário. No meu Twitter e no meu Instagram, as opiniões eram mais ou menos assim: “Muito básico”; “Esperei tanto para ver o óbvio”; “Estamos em 2020 e as pessoas ainda precisam de um documentário que explique que estamos sendo controlados por algoritmos”.  Concordei.  Mas foi numa das minhas raras entradinhas no Facebook que notei justamente o …